domingo, outubro 27, 2013

Pensar a Europa - mudou a hora!

Durante a noite que passou, a Europa mudou a hora.
Depois chegou a manhã. Durante a manhã, logo que ela começou, eu liguei o computador e fui à Internet. Abri a página do Diário de Notícias. "Se a Europa não conseguir repensar-se, é o seu fim" é o título que me chama imediatamente a atenção; a frase é do professor António Sampaio da Nóvoa. Ligo a televisão enquanto me sento à mesa a tomar o pequeno-almoço. Sintonizada na TVI24, a caixa que mudou o mundo traz-me um debate promovido pela Fundação Francisco Manuel dos Santos - estão a pensar a Europa! Dum lado, fala-se de Política e dos partidos; do outro, fala-se de matrizes culturais e sobretudo religiosas.
O pensamento automático traz-me a imediata conclusão: Anda toda a gente a pensar a Europa! A seguir, ri-me... E sem me engasgar!
http://www.guiageo-europa.com/mapas/globo.htm
A seguir ao pensamento automático, pensei outras coisas, como acontece sempre fazermos a seguir aos pensamentos automáticos. E a maneira como comecei este texto mostra logo o caminho que eu tomei a pensar:

  1. É fácil tomarmos o todo pelas partes - basta até uma ou duas partes, mesmo ficando muitas por levar em conta.
  2. É fácil forçar o pensamento das pessoas - na verdade, a hora não muda só na Europa; mas deu-me jeito agora acentuar que isso aconteceu agora na Europa.
  3. Sinto que me fez muito bem ter lido há algum tempo um quase velho livro sobre a História da Europa. Um livro sem fotografias, sem imagens, só com palavras, com textos. O livro foi escrito por um autor italiano, senhor que, evidentemente, teria os seus todos e as suas partes (Ui! Como a língua portuguesa está sempre por aí pronta a ser traiçoeira...). Não me lembro agora do nome dele, emprestei o livro, talvez mais logo, ainda hoje, consiga trazer para a qui a identificação clara do autor; e também do livro.
  4. Com a leitura do livro fiquei com uma ideia sobre a Europa, a sua História, as suas dinâmicas e lutas intestinas  que me fazem ver com um grau de clareza que muito me satisfaz tudo o que vejo acontecer por essa Europa fora; e pelo Mundo fora com a Europa metida no barulho desse Mundo.
  5. Os europeus em que tantas reflexivas e doutas cabeças pensam são pessoas - pessoas cheias de violência irracional, de ódios aprendidos, de rivalidades acumuladas, de ânsias de domínio; mas também de espantosas capacidades de inventar e descobrir (Piaget é um notável europeu), de criar laços de fraternidade e de amar profundamente.
  6. Apetece-me trazer a ajuda de um gigante da Língua Portuguesa, com quem partilho o nome próprio. Cantou ele, a fechar enfaticamente o poema: "Cumpriu-se o Mar, e o Império se desfez. Senhor, falta cumprir-se Portugal!"
  7. Pois bem, apetece-me dizer: "Cumpriu-se o desenvolvimento, e a Europa se fez e desfez. Senhores, falta pensar a sério nas pessoas."
  8. A Europa tem estruturas políticas (nacionais e interpaíses), sistemas de organização social, desenvolvimento material e conhecimento (científico e filosófico) bastantes; falta olhar honestamente as pessoas que compõem os povos, olhar com o necessário respeito às suas necessidades, anseios e caraterísticas pessoais, da irracionalidade ao amor de que falei lá atrás. Mais nada.
  9. Pois é, para mim só falta mesmo pensar a sério nas pessoas. Penso que é isso que agora tantos movimentos cívicos de cidadãos independentes procuram reclamar. Vamos a isso! E os políticos de profissão ou carreira que não caminharem nestes caminhos ou o percorram perversamente (os velhos lobos disfarçados de cordeiros não vão deixar de existir, seguramente) não deixarão de contar com a indispensável e muito humana tolerância e certamente poderão contar com o seu lugar na Europa: deixar-lhes-emos os lugares lá bem atrás da fila.

sábado, outubro 19, 2013

Palestrar sobre o cérebro, a Natureza e os organismos. E simetria.

             
 Manhã bonita, muito agradável, com tempo para chegar com todo o vagar do Mundo ao Museu Nacional de História Natural,  no edifício da velha Escola Politécnica (e depois Faculdade de Ciências), para participar numa conversa descomprometida sobre simetria, Natureza, seres vivos e cérebro.
                Logo que saí de casa marquei mentalmente o estabelecimento para tomar o café: a pastelaria que fica mesmo em frente à Faculdade de Ciências, com marcas bastantes, todas elas simpáticas, da presença do patrono da minha escola – Eça de Queirós. Gosto daquele interior luminoso e familiar; gosto do aspeto dos bolos, salgados e outras iguarias no largo balcão, formando um gigante éle; gosto do atendimento pessoal e gosto da envolvência do estabeleciemento; e gosto do tempo vagaroso que experiencio sempre que ali vou.
                Tive tempo de, a chegar ao meu destino matinal, numa nesga de rua bem declivosa, olhar a cúpula e as torres sineiras da Basílica da Estrela bem iluminadas pelo Sol; eu ia mesmo à procura de cenários ou pormenores bonitos – faltavam 25 minutos para a palestra começar, o vagar era o que desejava… Peguei na máquina fotográfica, puxei o ‘zoom’ ao máximo… clique! Olhei o resultado. Era melhor tirar outra, as linhas das verticalidades e das horizontalidades estavam como eu queria, mas – dúvida metódica - talvez tivesse ficado um pouco tremida; não se via no écrã da máquina, contudo, não fosse o diabo tecê-las…
                Como gosto de fazer, a certificar-me dos vagares que gosto de saborear, fui até
à imponente e respeitável entrada da Faculdade, antes de ir ao café da manhã. Ó diabo!, tudo fechado! Mau!... Não me digam que não é aqui!... Eu tinha-me certificado do local e da hora antes de sair de casa… Será que não recebi algum email de última hora? Afinal, o correio destas palestras já falhou comigo antes por duas ou três vezes…
                Mudei o ‘chip’, do registo lento-vagaroso para o operativo-dinâmico. Estuguei o passo, e, voltando para trás, passei para o lado de dentro do portão lateral, procurei uma porta aberta. Sim, ali estava uma, com o que era preciso encontrar naquele momento: um senhor porteiro devidamente identificado. Sossegou-me, sim, que não me preocupasse, estava tudo em ordem, as portas abririam 5 ou 10 minutos antes. Agradeci, sorrindo com simpatia para o senhor e alívio para mim. E voltei ao ‘chip’ anterior. Ora bem, o que tinha de fazer a seguir? Ah, pois, o café…
                Entrei no estabelecimento Cister e lá estava, à minha espera, a vagarosa e simpática ambiência que eu queria encontrar. Dirigi-me ao balcão. Do lado de lá, o empregado, ainda visivelmente senhor de mais anos de juventude do que adultícia, fez-me um discreto sinal de saudação e de que aguardasse enquanto fazia o apuro da despesa de um cliente que, à minha esquerda, já tinha posto o corpo a meio jeito de sair da pastelaria. Chega a minha hora: “Um café, se faz favor.” O meu interlocutor anui com um aceno de cabeça; sorri e traduz, em voz mais alta do que quando me cumprimentara: “Sai uma bica!” Achei piada à assertiva tradução.
                Enquanto aguardava pelo café, perdão!, pela bica, outro empregado, o da sala, tão jovem e adulto quanto o que eu tinha à minha frente, chegou à zona de serviço do balcão e faz um pedido em voz alta para dentro do balcão, claramente para alguém que ele não olhava mas sabia que estaria a ouvi-lo, mesmo que fosse na zona de trabalho mais afastada daquela em que ele se encontrava.
                O tom de voz do rapaz foi tal que eu reagi ao que ele disse. Captei a tonalidade firme do pedido que percorreu o ar mesmo à minha frente e tomei consciência de que só depois me esforcei por dar atenção à mensagem em si; a minha memória imediata ainda estava disponível e escrevi antes que me esquecesse – e escrevi porque achei piada ao pedido: “Sai uma bica em chávena fria pingada com leite frio!” Olhei para as outras pessoas que estavam do lado de dentro do balcão: um senhor, convincentemente com ar de patrão, tanto pelos anos de adultícia que aparentava como pela roupa que vestia; e uma senhora, de faces bem rosadas e bata branca, que não deixava dúvidas quanto à sua relação com as doçarias expostas em todas as montras, as do interior do estabeleciemnto e as que estavam nas montras de seduzir a rua. Pois ninguém parecia, naquele momento, ter ligado ao pedido da razoavelmente complexa bica.
                O empregado de mesa, que entretanto se afastara para junto das mesas, sem esperar que alguém lhe respondesse, voltou à zona de serviço e pediu no mesmo tom de voz firme: “Saem duas bicas escaldadas!” Respondem-lhe do lado de dentro do balcão: “Bica fria pingada com leite frio.” Reparei que a devolução deixara cair o “em chávena”. Vai a bica pingada na mão do rapaz, que volta logo de seguida com novo pedido: “Sai uma bica curta em chávena fria”. Do lado de dentro do balcão, a mesma indiferença visual! No fundo, tudo acontecia no universo das coisas que apenas se ouviam, no universo do rigor das palavras e dos pedidos dos clientes; e do universo da memória prodigiosa, disciplinada, educada em anos de atenção bem focada das pessoas do lado de dentro do balcão! Ninguém corria; tudo parecia discreto e lento. Eficácia absoluta; e tranquila.
                Eu saboreava a bica, mais lentamente do que é meu hábito, lembrando-me que, na escola, costumo pedir, quando há tempo para brincar, com a fórmula “Café quente em chávena morna a fugir para o frio”. Até deu tempo para olhar para trás, um barulho vindo da entrada despertara a minha atenção: era um casal que entrava com uma criança bem pequena e eu não percebi se o que ouvi da criança era um protesto ou um esgar de contentamento. Era contentamento. Sentaram-se na mesa mais ao pé de mim, logo ali atrás. Mais do que o café, eu saboreava aquele espetáculo todo à minha volta.
Pouco depois, dei-me conta de que um silêncio prolongado se instalara nas trocas entre o lado de fora e o lado de dentro do balcão. Só se ouvia, qual folhagem pouco densa agitada pela brisa, os murmúrios cruzados das pessoas sentadas nas mesas. O rapaz da sala encostara-se ao balcão de serviço e agora dobrava um papel de tabuleiro. Parecia estar a fazer um avião… Um avião!?... Ali?... Não, não podia ser… Eu, quando era pequeno, era assim que fazia os aviões de papel… Ali, com o patrão ali perto?... Talvez estivesse a improvisar uma caixa para um cliente levar algum bolo ou alguma metade de sandes… Ah, pois, devia ser isso!... Deixei-me ficar a ver, não fiz nada para apressar que me recebessem o dinheiro da bica. Olha!... Era mesmo um avião de papel!
                Eu continuava a sentir a estranheza daquele tempo de silêncio, acentuado por aquele avião que crescia nas mãos do jovem adulto de voz firme e clara. “Rúben, estás bem?”, oiço eu então, palavras pronunciadas pela senhora “culpada” da doçaria, bem do meu lado direito. O empregado de mesa, sem deixar de continuar o seu avião, denunciou ser ele o Rúben: “Estou muito caladinho, não é?...” A seguir riu-se. A senhora pasteleira riu-se também e confirmou que estranhava estar ali sem fazer nada que ele mandasse…
Sim, sim. Afinal ele queria alguma coisa dela: queria fita-cola para colar as asas do avião que acabou naquela altura de fazer. Mesmo não sendo assunto da área em quer reinava, a senhora arranjou ao rapaz das mesas o que ele queria. Ao mesmo tempo que eu me voltava para me ir embora, o improvisado mecânico de aviões entregava a sua construção ao miúdo que me tinha obrigado a voltar para trás e vê-lo entrar com os pais. Percebi que eram, o miúdo e os seus pais, clientes habituais. Serei mais rigoroso se disser que o improvisado homem dos aviões – que sorte a oportunidade aberta pela acalmia dos pedidos dos clientes! – terminou o avião, não o deu para as mãos do miúdo, mas fez o avião voar à frente do miúdo. Foi buscá-lo onde ele caiu, desta vez, sim, deu-o ao miúdo e apontou-lhe uma parede. O miúdo olhou para o grande – grande na perspetiva dele, pequenito – homem que lhe sorria e desafiava. O homem grande insistiu em desafiá-lo, apontando a parede: “Vá, atira para ali!” O miúdo pôs o avião em posição de lançamento, bem seguro na pequenita mão direita. Olhou ainda mais uma vez o fabricante do avião. Reparei que hesitava. Hesitava e fez vencer a sua vontade: apontou o avião à porta e lançou-o.
Eu ri-me, cheguei-me ao rapaz-quase-adulto e quase-tão-criança como aquela a quem ele se dirigia naquele instante, pus-lhe por trás a mão do ombro, e aproximei tanto quanto pude a boca ao seu ouvido. Seguramente que ele percebia o meu hálito a café. Percebeu também que eu me ria: “Ó homem, então você dá ao miúdo um avião assim desse tamanho e quer que o miúdo o ponha a voar aqui entre paredes… É claro que um avião desses é para subir bem alto no ar, o miúdo só podia lançá-lo porta fora! Não lhe apetece a si ir lá para fora e fazer o que o puto fez?...” Só nessa altura nos olhámos olhos nos olhos. “Tem toda a razão…” disse-me ele a rir-se, “tem mesmo toda a razão…” Dei-lhe duas palmadas cordiais no ombro, pisquei-lhe o olho e disse-lhe: “É bom a fazer aviões. Continue! Os miúdos gostam. Até um dia destes!” Ele agradeceu-me e eu saí.
Dois ou três minutos depois abriam finalmente as velhas – e as novas, de vidro – portas da Faculdade de Ciências.
Mas o meu dia na Pastelaria Cister ainda não tinha chegado ao fim, ainda havia vagar no tempo para mais uma coisa: cá fora, um dos toldos dizia “Confeitaria”; outro dizia “Pastelaria”; ao centro, entre estes dois, o terceiro dizia “Fundado em 1838”. Entrei outra vez, a senhora dos bolos percebeu que eu queria alguma coisa; e perguntou-me o que precisava eu. Respondi-lhe que queria só fazer uma pergunta, não queria tomar mais nada; e, se calhar, nem era a ela que eu devia fazer a pergunta, talvez fosse melhor ao patrão. Ela disse-me, apontando ao que certeiramente presumira ser o patrão: “O patrão é aquele senhor, mas se o senhor quiser perguntar-me, eu talvez saiba responder-lhe. O que é que o senhor quer saber?...” Agradeci à senhora, e fiz questão de respeitá-la na sua disponibilidade, mesmo que estivesse praticamente seguro de que a senhora não me iria responder: “A pergunta é esta: lá fora diz que este estabelecimento é uma pastelaria e uma confeitaria, mas não diz «fundada» mas «fundado»…” A senhora interrompeu-me e disse-me: “Ah, pois, esse assunto terá de ser mesmo com aquele senhor, o patrão….” Agradeci-lhe, mesmo assim, tão simpaticamente quanto pude e repeti a pergunta ao senhor, que me deu logo atenção. Ele reagiu com alguma atrapalhação. Para lhe facilitar a interpelação, perguntei-lhe se tinha a ver com «estabelecimento» e não com «pastelaria» e «confeitaria». O senhor respondeu-me: “Olhe, não sei… nunca tinha pensado nisso…” Voltou-se para trás, pegou num cartão da casa e deu-me, convidando-me a ver o cartão com atenção. Agradeci-lho, mesmo percebendo que o senhor me estava delicadamente a despachar. Mas, pronto, quem sabe?, um dia destes vai voltar a pensar sobre uma coisa eu até hoje nunca tinha pensado.
Muito bem, cheguei ao limite do meu vagar. Eram mesmo horas de me chegar à Sala Azul do Museu da Faculdade de Ciências, onde o atraso do Professor Maquiavel me deu tempo de tirar fotografias à baleia-comum pendurada do teto numa sala linda do Museu, bem ali ao pé do improvisado Café da palestra que era, desde o início, o motivo de ter ido hoje para aquela zona da cidade de Lisboa.

O que andam os matemáticos à procura?

Mestre Maquiavel, da Universidade do Porto, que começou na Matemática pela que será, aparentemente, a mais afastada do comum dos mortais, a Pura, lançou-nos hoje de manhã, no inventado Café, ali à esquina de um dos corredores do (ainda) majestoso edifício da Faculdade de Ciências de Lisboa, na famosa Rua da Escola Politécnica, para falar sobre a simetria na Natureza e no Cérebro, a seguinte pergunta:
- De que andam os matemáticos à procura?...
Hora do almoço a chegar, ele antecipou-se às nossas conjeturas e adiantou: - É de padrões.
Que o peixe do meu colega de mesa que estava lá em casa à espera dele para ser arranjado me perdoasse, mas não resisti a pôr o dedo no ar, bem esticado para que não deixasse de ser visto. E foi mesmo! Nestas coisas, em que a gente fala como quem brinca, eu não poderia ficar calado sem responder à desafiante pergunta!?...
- "Tudo o que existe, desde a mais ínfima partícula até ao composto mais complexo [quer dizer, da micropartícula à totalidade complexa dos objetos cosmológicos e universais]- dizia eu, tudo está em relação (1), nada existe sozinho, por si próprio, cada coisa relaciona-se com pelo menos uma outra. E as relações desenvolvem-se, acontecem, organizam-se, de acordo com padrões. Será que os matemáticos andam à procura da compreensão das relações e dos seus padrões?..."
O notável animador da sessão de hoje do World Café concordou. Concordou e gostou!

(1) Estais vendo, queridos alunos, a Psicologia está por todo o lado!... Não é só a Matemática!

sexta-feira, outubro 11, 2013

A vida é feita de pequenos nadas, não é?

Hoje estive na escola em "sessão contínua" das oito da manhã às três da tarde. Só depois vim a casa almoçar.
Tomara, como é costume, o pequeno-almoçoas seis e meia da manhã. No primeiro intervalo da manhã, consegui respegar uma banana que tentei digerir discretamente enquanto uma colega me falava de uma ocorrência bem matinal entre alunos, ocorrência essa bem mais difícil de digerir.
Quando estava a chegar a casa, a enfiar o passe do Metro no bolso no pátio largo da saída da estação, em Chelas, tomei consciência de que a fome, difusa, fazia mossa no humor e na genica para me mexer dali.
Quando entro no corredor de acesso à escadaria da saída, vindo precisamente dele, reparo que vem de lá o Roman, que não via há tempos. Ele vê-me no mesmo momento em que eu o vejo. Mesmo à distância vejo que o rosto dele se abre num intenso sorriso - e se são lindos todos os sorrisos genuínos! Logo a seguir estávamos a trocar um valente abraço.
O Roman, assim que desfizemos um abraço, diz-me, muito alegremente: "Ó 'store' nem sabe o que eu vinha a pensar!... Vinha ali atrás e vinha a pensar se  o ia encontrar agora aqui!... E o 'store' aparece mesmo!..."
E pronto, dissemos aquelas coisas que se dizem nestas alturas, divertidas; depois falámos das aulas, do seu curso. Acabou o 1.º ano, está a acabar as férias; na próxima segunda-feira começa o 2.º ano. E depois virá o resto, foi-me ele dizendo com entusiasmo e confiança.
Repetimos, à despedida, o abraço.
A subir as escadas dei-me conta que o humor como eu gosto de sentir regressara; e a genica também. Afinal, mais cedo do que era a minha expetativa de três ou quatro minutos antes. E sem ingerir qualquer caloria, ainda por cima!
Olha se eu tivesse vindo a casa almoçar a horas!... Não teria saboreado este tão agradável momento!
É bom quando o mundá dá as voltas do jeito que a gente quer, não é caro Roman?